29 de dec. de 2013

Ferrol - Detroit

Existe um programa na TV digital chamado "Empeños a lo bestia". O programa trata do dia-a-dia de uma casa de penhores em Detroit. O programa não é uma maravilha de qualidade nem tem grande profundidade, mas serve para mostrar, extrapolando o que se vê nessa loja para a cidade de Detroit, uma das razões para o declínio da cidade: a idiossincrasia dos seus próprios cidadãos.

Ferrol, como Detroit, é um território que tinha tudo na década de 70 e morreu de indigestão. Como Detroit ligava o seu desenvolvimento para a indústria do automóvel assente na GM e na Ford, Ferrol ligava o seu desenvolvimento para a construção naval assente em duas empresas: Astano (o naval civil) e Bazán (naval militar).

A partir da re-conversão naval dos 80 Ferrol foi indo de mal a pior: luzes apagadas nos negócios, filas nos escritórios de desemprego, inúmeros EREs, lojas com teias de aranha , problemas de álcool, declínio da população, ...

Os velhos vivem ancorados em um passado glorioso que nunca retornará e os jovens apenas têm duas opções: emigrar para ou passar os dias fumando e olhando o mar ou, no pior dos casos, cheirando cocaína. Assim, o bairro de Caranza onde fiz o meu projeto final de engenharia, foi praticamente arrassado pela droga.

O mais triste é que a crise de Ferrol poderia ser reduzida a algo tão simples como a crise naval e a mentalidade dos seus habitantes. Ferrol passou três décadas caindo e os ferrolanos continuam a rejeitar qualquer indústria que não seja uma indústria naval estatalizada e fabril (ver o meu post anterior "Barreras, ao sudeste asiático"). De facto, Ferrol está em crise no momento em que metade da indústria naval e offshore do mundo está crescendo, como Detroit está em crise no momento em que os países emergentes desejam gastar o seu dinheiro em um meio económico de locomoção. Recomendo uma vista de olhos na web da mítica metalúrgica ferrolana para entender onde está grande parte do problema (ver, por exemplo, os concorrentes índios http://www.indiansteels.com/ http://www.jindalsteelpower.com/ ...).

Chegado o Carnaval, o disfarce mais popular em Ferrol é o "buzo", esse traje azul de soldador, porque é "grátis", e em muitas casas de Ferrol tambem há ferramentas boas e variadas fornecidas "gratuitamente" pelo mesmo estaleiro.

Ferrol como Detroit também tem muitos filhos ilustres, mas poucos retornam ou ficam para criar uma empresa e ajudar a diversificar a economia e fazer cidade.






14 de nov. de 2013

Prestige: memória de uma tragédia

Em novembro de 2013, um tribunal ilibou todos os acusados no caso Prestige, não determinando quaisquer culpados para a maior catástrofe ambiental que até o momento havia sacudido a costa galega: o afundamento e posterior derramamento de milhares de toneladas de fuel-oil por parte do petroleiro em novembro de 2002.
Obrigado aos mídia portugueses por nos terem oferecido informação certa naqueles momentos.

20 de xul. de 2013

Universidades com doutoramento a distância

A importância do ensino ou educação a distância torna-se cada vez mais evidente. A relevância deste tipo de ensino torna-se maior à proporção que novas camadas da população buscam atualizar-se e progredir profissionalmente devido as rápidas mudanças e maior necessidade de especialização em todos os campos do saber chegando mesmo até ao doutoramento.

Para chegar à área de I&D na empresa, à investigação aplicada ao desenvolvimento comercial... ter um doutorado pode ser uma vantagem. Alguem que consigue um doutoramento em geral é persistente, tem um nivel razoável de inteligência e tem capacidade de fomular e focar-se em novos problemas técnicos que não podem ser resolvidos com receitas velhas.

O ensino à distância é hoje em dia uma opção a considerar para os profissionais que necessitam uma maior especialização e que não podem interromper o seu emprego, que não tem financiação de bolsas para a obtenção do grau académico de doutor ou que simplesmente não quer perder o contacto com o mundo empresarial.

Eis algumas das opções que tenho visto,

Universidade Aberta de Portugal
Universidad Nacional de Educación a Distancia
Universitat Oberta de Catalunya
University of Leicester
Heriot-Watt University of Edinburgh
Anglia Ruskin University
University of Chester
University of Bolton
University of Sunderland
University of New England

30 de xuño de 2013

Ambiente de trabalho livre de indústria

Meu defunto avô sempre dizia "onde há fumo há dinheiro" e a Galiza está a caminho de se transformar em um páramo industrial. Toda semana há uma notícia do fechamento de alguma fábrica ou das dificuldades que atravessa qualquer um setor industrial (automóvel, naval, florestal, conserveiro, têxtil, ....). Em muitos casos, trata-se de empresas que são pilares da estrutura económica de uma região e que fazem parte da história coletiva de um território e as fechaduras tornam os habitantes conscientes da gravíssima crise.

Nos últimos cinco anos na Galiza se destruíram quase um terço dos empregos industriais que havia no início da crise e destruiu-se todo o emprego industrial que se gerou em duas décadas de crescimento da economia galega.

Em alguns casos, a malograda fusão das caixas e a perda da galeguidade do Banco Pastor deixou a descoberto a pouca solidez de algumas indústrias. Em outros casos, cada indústria fez a guerra por conta própria face a alguns concorrentes asiáticos muito bem organizados e apoiados.